A CURA NÃO SE TRATA DE DESTINO. TRATA-SE DA JORNADA
Por Kate Spreckley
Tradução (br) a 12 de junho de 2025
A cura não é um destino ou uma caixa que precisamos preencher depois de concluir o "trabalho". É um processo vivo, pulsante e evolutivo que se move conosco, desenvolve-se dentro de nós, transforma-se através de nós e continua a evoluir à medida que crescemos, expandimos e despertamos. Não é um caminho claro ou previsível. Há dias em que sentimos que finalmente alcançamos um solo firme, onde nos sentimos abertos e em paz. E há dias em que velhas feridas se manifestam, padrões ressurgem exigindo uma atenção mais profunda, um maior reconhecimento e libertação, revelando que outra camada está pronta para ser desvendada. Essa é a natureza da cura, do crescimento e da transformação.
Muitas vezes, carregamos a crença de que a cura deve ser limpa, clara e linear. Que se fizermos as práticas certas, lermos todos os livros certos, meditarmos o suficiente ou recitarmos todas as afirmações certas, estaremos prontos. A cura não se parece com isso e nem funciona assim. Em alguns dias, estamos fortes, lúcidos, ancorados e presentes. Em outros, nos sentimos vulneráveis, expostos e desfeitos. Ambos fazem parte da jornada.
A cura não é algo que alcançamos, é algo que vivemos, uma jornada viva que exige entrega, aceitação e reconhecimento. Ela nos pede para nos encontrarmos repetidamente, cada vez com mais compaixão e mais paciência. Ela nos pede para honrarmos cada sentimento que antes relegávamos a segundo plano e nos ensina a ouvir, não apenas a dor, mas também o silêncio por trás dela. Exige um novo relacionamento conosco, um relacionamento que não seja apressado ou ignorado. Um relacionamento que nos dê espaço e tempo para sentir, integrar e verdadeiramente mudar.
A cura é um retorno ao que esteve oculto sob camadas de condicionamento, proteção e sobrevivência. É o descascar das camadas e a integração de tudo o que foi separado, negado ou fragmentado. A dor esquecida, a vergonha silenciosa, as histórias herdadas. Não se trata de apagar o que aconteceu, mas de transformar nossa relação com isso, aprendendo a conviver com aquilo de que antes tínhamos que fugir. Mesmo quando dói, quando é desconfortável. Principalmente então.
A cura é profundamente imprevisível. Nem sempre parece luz ou amor. Às vezes, parece a raiva ressurgindo após décadas de supressão, ou o abandono de tudo o que pensávamos que queríamos, ou o enfrentamento de partes nossas que parecem demasiadas, muito fragmentadas e muito confusas. Às vezes, nada parece, apenas o trabalho silencioso de testemunhar e esperar enquanto percorremos as mesmas lições, mas a cada vez com uma nova consciência.
Nosso caminho pessoal para a cura é único. Nem sempre sabemos como ele se revelará ou para onde nos levará. Há sempre um elemento de mistério no processo que não pode ser previsto. Quando confiamos na inteligência mais profunda em ação e na jornada em si, pode ser a experiência mais libertadora de nossas vidas.
A cura nos pede:
Para desacelerar, ouvir, respirar e sentir. Não podemos apressar o processo ou a jornada e devemos aprender a respeitar o seu tempo.
Para sentir tudo. Não apenas pensar em nossas feridas, mas sentir a dor, a raiva, o medo e a alegria. A verdadeira cura interior começa quando paramos de nos anestesiar e começamos a prestar atenção ao que precisa ser abordado.
A presença, trazendo a nossa consciência de volta para o nosso corpo, para o momento presente e para o que está aqui e agora.
A autocompaixão. Não nos curamos julgando a nós mesmos, curamos ao encontrar nossos pontos quebrados com amor e gentileza.
A confiança. Nem sempre sabemos para onde estamos indo, mas a nossa alma sabe. O caminho da cura consciente é trilhado dando um passo de cada vez.
Com muito amor.
Traduzido por:
* Ocasionalmente a censura das trevas apaga-me alguns artigos. (google dona do blogspot)
